15 Mai 2023
Jovem designer de Arrifana está a dar cartas no mundo da moda
ZALDA já participou no Portugal Fashion, vestiu o cantor Syro e integra as plataformas subcultours e NOT JUST A LABEL
"A roupa que queria ainda não existia, seria eu que ainda viria a desenhá-la. Foi esse o click que despertou" Esmeralda Dias, mais conhecida por ZALDA, para o mundo da moda.
A jovem designer de moda e também ilustradora, de 22 anos, lembra-se de, em "pequenina", ir comprar roupa com a mãe ao Mercado Municipal de S. João da Madeira e de ser "muito esquisitinha com aquilo que escolhia, porque nada me agradava, ou, se agradava, não tinha como comprar".
Primeiro surgiu o gosto pela ilustração, o que, na sua opinião, "até faz sentido", uma vez que, atualmente, vê "a ilustração como um meio essencial para chegar aos meus produtos finais em moda". Em nova, ZALDA "estava sempre a desenhar e a oferecer desenhos". Aliás, não é por acaso que, conforme confidenciou, "toda a minha família tem desenhos meus guardados em gavetas".
TER A MÃE, A AVÓ E ATÉ A MADRINHA GASPEADEIRAS AJUDOU A ALIMENTAR O BICHINHO DA MODA
Quanto à moda, o "bichinho" é de família: "Agora vejo que ter a mãe, a avó e até a madrinha gaspeadeiras ajudou a alimentar este bichinho mais ligado à moda, ainda que indiretamente". "Lembro-me de fingir que sabia manusear as máquinas delas, via-as a trabalhar noite e dia sem parar e queria ser como elas. E também me lembro de começar a inventar aquilo que poderiam vir a ser peças a partir de jornais", contou ao labor.
O percurso escolar de ZALDA foi feito em Arrifana até ao ensino secundário. Chegada ao 10° ano, mudou-se para a Escola Básica e Secundária Dr. Serafim Leite, em S. João da Madeira, onde tirou o curso de Artes Visuais. Foi aí que começou "verdadeiramente a explorar a minha identidade na área da ilustração".
Seguiu-se a ESAD - Escola Superior de Artes e Design, no Porto, onde se licenciou em Design de Moda. Foram tempos desafiantes, em que ZALDA "sentia que tinha de dar o dobro para conseguir fazer metade do que os colegas faziam". Mas, como afirmou ao nosso jornal, "todo esse trabalho (acrescido]" acabou por ser "recompensado".
Esmeralda Dias terminou o curso em julho de 2021, mês em que se apresentou nos finalistas do Concurso Ecodesign BLOOM do Portugal Fashion. Abria-se, assim, uma nova página do livro da sua vida.
Depois disso, nos locais onde estagiou e trabalhou, ganhou "experiência, tanto na vertente da modelação de vestuário como na vertente da fotografia, fosse editorial, fosse fotografia de produto, com a idealização de set designs, enquanto assistente de fotografia, elaboração de websites, etc.."
NÃO PRECISO DE VER OS TRABALHOS DOS OUTROS PARA SABER QUE O MEU TEM QUALIDADE
Desde então também já teve uma ilustração exposta numa galeria no Porto e foi integrando mercados de arte com esses trabalhos; fez parte da organização do primeiro Festival da Juventude de Arrifana; colaborou com o MINDEFORMER, um artista 3D também arrifanense; teve o seu primeiro desfile no Portugal Fashion inserido no concurso de designers emergentes; trabalhou com o cantor EVAN, que neste momento tem a sua música na nova novela da TVI; vestiu o Syro; foi convidada a dar uma palestra sobre identidade aplicada ao design de moda na Universidade de Aveiro, entre outras coisas.
Ainda a propósito da sua participação no Concurso Bloom powered by ZEITREEL inserido no calendário do Portugal Fashion, remonta a outubro de 2022, mas já em março desse ano ZALDA sabia que ia chegar à final e até já tinha dito à família. Na altura, perguntaram-lhe como é que tu sabes se nem viste os trabalhos dos outros?. Ao que ela respondeu: "Os projetos das outras pessoas nunca estiveram em causa. Não preciso de ver os trabalhos dos outros para saber que o meu tem qualidade, o objetivo não é chegar a um certo ponto por ser a menos má por comparação à concorrência. É sobre cada um de nós fazer sempre melhor do que aquilo que já fizemos e não do que o vizinho faz".
Meu dito, meu feito. A designer de moda foi uma das oito finalistas com direito a desfile e conseguiu tirar partido de tudo, até do que correu menos bem. "Soube aproveitar a montra e as imperfeições para alavancar a marca através das redes", garantiu ao labor.
PLATAFORMAS SUBCULTOURS E NOT JUST A LABEL
De facto, a marca ZALDA tem andado nas bocas do mundo. E, fruto disso, foi convidada a entrar para uma plataforma de workshops sediada em Berlim chamada subcultours onde dá a conhecer todo o processo de produção, incluindo técnicas de estamparia e upcycling.
"O workshop que tenho vindo a desenvolver [nesse âmbito] aborda experiências ao nível da estamparia e costura e o processo de criação de uma t-shirt para o participante. Nessas quatro horas de aula, passo também ao participante documentos da minha pesquisa contínua que responda às dúvidas que já traga, isto de maneira a incentivar a que a pessoa, depois do workshop, continue a aplicar a informação que eu lhe passei no seu dia-a-dia", explicou Esmeralda Dias, que tentou a sua sorte com a NOT JUST A LABEL (NJAL) e foi aceite.
A jovem designer de moda e também ilustradora, de 22 anos, lembra-se de, em "pequenina", ir comprar roupa com a mãe ao Mercado Municipal de S. João da Madeira e de ser "muito esquisitinha com aquilo que escolhia, porque nada me agradava, ou, se agradava, não tinha como comprar".
Primeiro surgiu o gosto pela ilustração, o que, na sua opinião, "até faz sentido", uma vez que, atualmente, vê "a ilustração como um meio essencial para chegar aos meus produtos finais em moda". Em nova, ZALDA "estava sempre a desenhar e a oferecer desenhos". Aliás, não é por acaso que, conforme confidenciou, "toda a minha família tem desenhos meus guardados em gavetas".
TER A MÃE, A AVÓ E ATÉ A MADRINHA GASPEADEIRAS AJUDOU A ALIMENTAR O BICHINHO DA MODA
Quanto à moda, o "bichinho" é de família: "Agora vejo que ter a mãe, a avó e até a madrinha gaspeadeiras ajudou a alimentar este bichinho mais ligado à moda, ainda que indiretamente". "Lembro-me de fingir que sabia manusear as máquinas delas, via-as a trabalhar noite e dia sem parar e queria ser como elas. E também me lembro de começar a inventar aquilo que poderiam vir a ser peças a partir de jornais", contou ao labor.
O percurso escolar de ZALDA foi feito em Arrifana até ao ensino secundário. Chegada ao 10° ano, mudou-se para a Escola Básica e Secundária Dr. Serafim Leite, em S. João da Madeira, onde tirou o curso de Artes Visuais. Foi aí que começou "verdadeiramente a explorar a minha identidade na área da ilustração".
Seguiu-se a ESAD - Escola Superior de Artes e Design, no Porto, onde se licenciou em Design de Moda. Foram tempos desafiantes, em que ZALDA "sentia que tinha de dar o dobro para conseguir fazer metade do que os colegas faziam". Mas, como afirmou ao nosso jornal, "todo esse trabalho (acrescido]" acabou por ser "recompensado".
Esmeralda Dias terminou o curso em julho de 2021, mês em que se apresentou nos finalistas do Concurso Ecodesign BLOOM do Portugal Fashion. Abria-se, assim, uma nova página do livro da sua vida.
Depois disso, nos locais onde estagiou e trabalhou, ganhou "experiência, tanto na vertente da modelação de vestuário como na vertente da fotografia, fosse editorial, fosse fotografia de produto, com a idealização de set designs, enquanto assistente de fotografia, elaboração de websites, etc.."
NÃO PRECISO DE VER OS TRABALHOS DOS OUTROS PARA SABER QUE O MEU TEM QUALIDADE
Desde então também já teve uma ilustração exposta numa galeria no Porto e foi integrando mercados de arte com esses trabalhos; fez parte da organização do primeiro Festival da Juventude de Arrifana; colaborou com o MINDEFORMER, um artista 3D também arrifanense; teve o seu primeiro desfile no Portugal Fashion inserido no concurso de designers emergentes; trabalhou com o cantor EVAN, que neste momento tem a sua música na nova novela da TVI; vestiu o Syro; foi convidada a dar uma palestra sobre identidade aplicada ao design de moda na Universidade de Aveiro, entre outras coisas.
Ainda a propósito da sua participação no Concurso Bloom powered by ZEITREEL inserido no calendário do Portugal Fashion, remonta a outubro de 2022, mas já em março desse ano ZALDA sabia que ia chegar à final e até já tinha dito à família. Na altura, perguntaram-lhe como é que tu sabes se nem viste os trabalhos dos outros?. Ao que ela respondeu: "Os projetos das outras pessoas nunca estiveram em causa. Não preciso de ver os trabalhos dos outros para saber que o meu tem qualidade, o objetivo não é chegar a um certo ponto por ser a menos má por comparação à concorrência. É sobre cada um de nós fazer sempre melhor do que aquilo que já fizemos e não do que o vizinho faz".
Meu dito, meu feito. A designer de moda foi uma das oito finalistas com direito a desfile e conseguiu tirar partido de tudo, até do que correu menos bem. "Soube aproveitar a montra e as imperfeições para alavancar a marca através das redes", garantiu ao labor.
PLATAFORMAS SUBCULTOURS E NOT JUST A LABEL
De facto, a marca ZALDA tem andado nas bocas do mundo. E, fruto disso, foi convidada a entrar para uma plataforma de workshops sediada em Berlim chamada subcultours onde dá a conhecer todo o processo de produção, incluindo técnicas de estamparia e upcycling.
"O workshop que tenho vindo a desenvolver [nesse âmbito] aborda experiências ao nível da estamparia e costura e o processo de criação de uma t-shirt para o participante. Nessas quatro horas de aula, passo também ao participante documentos da minha pesquisa contínua que responda às dúvidas que já traga, isto de maneira a incentivar a que a pessoa, depois do workshop, continue a aplicar a informação que eu lhe passei no seu dia-a-dia", explicou Esmeralda Dias, que tentou a sua sorte com a NOT JUST A LABEL (NJAL) e foi aceite.
A NAJL é só a principal plataforma de design para divulgar os pioneiros na moda contemporânea em todo o mundo; um showroom virtual e comunidade Online que conecta designers independentes com consumidores. Neste momento, a ZALDA está também presente em https://www.notjustalabel.com/ zalda.
ZALDA cria "peças sem género, sejam elas de fit oversized, sejam elas ajustáveis a um espetro de corpos". Como descreveu, "não faço peças a pensar numa estação específica. Aliás, torna-se cada vez mais difícil distingui-las pelo que algumas peças até as idealizo de maneira a serem adaptáveis, adaptando-me a mim própria enquanto designer a esta realidade que vivemos das alterações climáticas".
"Trata-se de moda de autor streetwear regida pela tecnologia enquanto expressão sustentável e acessível para jovens do contra com mais baixa qualidade de vida do que o público normalmente encontrado em marcas de designer. Um grande número de bolsos escondidos, peças transformáveis, prints caseiros, roupa confecionada com desperdícios, ideais e valores que remetem ao imaginário punk", completou.
Neste momento, Esmeralda Dias está a trabalhar com desperdícios de acrílico para produzir artigos alusivos à marca como brincos e porta-chaves. Porque agrada-lhe a ideia de "fazer algo novo com o que é o lixo de outra pessoa".
Para além disso, tem desenhado novas peças enquanto faz a divulgação das mais recentes, lançadas depois de terem sido fotografadas por Rudi Navarro numa sessão fotográfica realizada no Skatepark de S. João com amigos. Um dos objetivos passa por tirar sempre o maior proveito daquilo que é possível fazer-se cá sem precisar de ir para as grandes cidades; o outro passa por, seguindo parte desta ideologia punk, desprender-me cada vez mais de organizações e, de forma independente, ter os meus desfiles juntamente com outros amigos designers que partilham dos mesmos ideais, adiantou.
"Trata-se de moda de autor streetwear regida pela tecnologia enquanto expressão sustentável e acessível para jovens do contra com mais baixa qualidade de vida do que o público normalmente encontrado em marcas de designer. Um grande número de bolsos escondidos, peças transformáveis, prints caseiros, roupa confecionada com desperdícios, ideais e valores que remetem ao imaginário punk", completou.
Neste momento, Esmeralda Dias está a trabalhar com desperdícios de acrílico para produzir artigos alusivos à marca como brincos e porta-chaves. Porque agrada-lhe a ideia de "fazer algo novo com o que é o lixo de outra pessoa".
Para além disso, tem desenhado novas peças enquanto faz a divulgação das mais recentes, lançadas depois de terem sido fotografadas por Rudi Navarro numa sessão fotográfica realizada no Skatepark de S. João com amigos. Um dos objetivos passa por tirar sempre o maior proveito daquilo que é possível fazer-se cá sem precisar de ir para as grandes cidades; o outro passa por, seguindo parte desta ideologia punk, desprender-me cada vez mais de organizações e, de forma independente, ter os meus desfiles juntamente com outros amigos designers que partilham dos mesmos ideais, adiantou.
UM ESTÚDIO CRIADO A PARTIR DO NADA, QUE PARA ZALDA É TUDO
Os sonhos desta jovem sem medo, que gosta de desafios, livre, resiliente e íntegra, como a própria se define, têm vindo a concretizar-se. A abertura do seu estúdio de moda, numa rua que faz fronteira com S. João da Madeira, é apenas mais uma concretização, para somar às que estão para trás e às muitas que certamente o futuro lhe reserva.
Aos 22 anos, ZALDA tem um espaço só seu, que lhe permitiu "desocupar a sala de estar" dos pais e que é agora o local onde trabalha nos projetos da sua marca de roupa já registada e onde recebe clientes, "através de marcação, para provas presenciais dos artigos, reuniões, sejam elas mais informais ou não, ou simplesmente para ver as peças sem compromisso algum". Basta entrarem em contacto via Instagram @zesmeraldaz ou pelo email estudio.zalda@gmail.com.
O estúdio, que Esmeralda Dias fez questão de esclarecer que "não é uma loja aberta ao público com gente sempre a entrar e a sair", foi criado a partir do nada com a ajuda da família e de amigos. "Criei os móveis do zero com o meu pai, familiares ofereceram algumas coisas, amigos vieram ajudar noutras, o pouco que ia recebendo ia investindo neste meu estúdio", disse ZALDA ao labor, acrescentando que demoraram meses até chegar a este resultado final que os deixou satisfeitos.
A inauguração do passado dia 4 de março foi, aliás, "um agradecimento, uma celebração de mais um passo dado com aqueles que tornam este sonho possível", como descreveu. Entre os presentes esteve o presidente da Junta de Freguesia de Arrifana, que, entretanto, contactado pelo nosso jornal, não poupou elogios a esta sua freguesia.
"É um orgulho enorme ter tamanho talento em Arrifana e acompanhar o seu crescimento. Estou certo que a Esmeralda, com a sua marca ZALDA, chegará longe no mundo da moda, passando de uma jovem promessa a uma consolidada criativa de renome internacional. E o meu desejo. Tenho a convicção que acontecerá. E será um exemplo para muitos outros jovens da freguesia", disse Ricardo Oliveira ao nosso semanário.
Aos 22 anos, ZALDA tem um espaço só seu, que lhe permitiu "desocupar a sala de estar" dos pais e que é agora o local onde trabalha nos projetos da sua marca de roupa já registada e onde recebe clientes, "através de marcação, para provas presenciais dos artigos, reuniões, sejam elas mais informais ou não, ou simplesmente para ver as peças sem compromisso algum". Basta entrarem em contacto via Instagram @zesmeraldaz ou pelo email estudio.zalda@gmail.com.
O estúdio, que Esmeralda Dias fez questão de esclarecer que "não é uma loja aberta ao público com gente sempre a entrar e a sair", foi criado a partir do nada com a ajuda da família e de amigos. "Criei os móveis do zero com o meu pai, familiares ofereceram algumas coisas, amigos vieram ajudar noutras, o pouco que ia recebendo ia investindo neste meu estúdio", disse ZALDA ao labor, acrescentando que demoraram meses até chegar a este resultado final que os deixou satisfeitos.
A inauguração do passado dia 4 de março foi, aliás, "um agradecimento, uma celebração de mais um passo dado com aqueles que tornam este sonho possível", como descreveu. Entre os presentes esteve o presidente da Junta de Freguesia de Arrifana, que, entretanto, contactado pelo nosso jornal, não poupou elogios a esta sua freguesia.
"É um orgulho enorme ter tamanho talento em Arrifana e acompanhar o seu crescimento. Estou certo que a Esmeralda, com a sua marca ZALDA, chegará longe no mundo da moda, passando de uma jovem promessa a uma consolidada criativa de renome internacional. E o meu desejo. Tenho a convicção que acontecerá. E será um exemplo para muitos outros jovens da freguesia", disse Ricardo Oliveira ao nosso semanário.
ZALDA: O que significa
Antes de ser o nome da marca, ZALDA era a alcunha de Esmeralda Dias no secundário. Na altura, "poucas eram as pessoas que me chamavam Esmeralda por ser um nome comprido e também eram poucas aquelas que acertavam no nome. Uma vez, saiu ZALDA e eu gostei".
Com o passar do tempo, foi fazendo sentido. Tanto que, num projeto da faculdade, ZALDA viria a ser o nome escolhido para uma hipotética marca minha, como que a antever o que acabou por se concretizar anos depois.
Atualmente, "ZALDA funciona como um alter-ego, meu e de uma comunidade. Elementos que remetem para ícones de som inseridos no logótipo dão ênfase à vontade de ser uma marca que tanto dá voz como se quer fazer ouvir, daí também o nome ser em letras maiusculas. Um nome que vai do Z ao A e uma marca que se pode identificar com pessoas de A a Z", sublinhou a jovem arrifanense.
Atualmente, "ZALDA funciona como um alter-ego, meu e de uma comunidade. Elementos que remetem para ícones de som inseridos no logótipo dão ênfase à vontade de ser uma marca que tanto dá voz como se quer fazer ouvir, daí também o nome ser em letras maiusculas. Um nome que vai do Z ao A e uma marca que se pode identificar com pessoas de A a Z", sublinhou a jovem arrifanense.
Fonte:
In, Labor