19 Jul 2017

Vocação industrial da região Norte com novo dinamismo

A construção, ampliação e modernização de fábricas concentra a maior parte dos €665 milhões de apoios concedidos às PME no âmbito do programa de apoio comunitário NORTE 2020.

A 5a região mais industrializada da União Europeia-15, o Norte está a registar um novo impulso na sua vocação industrial, conforme comprovam os mais recentes dados de balanço da execução do programa de apoio comunitário regional NORTE 2020. De acordo com a CCDR-N (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte), que gere este programa operacional e que apresentou há dias a listagem de projetos de investimento aprovados à data de 30 de junho, há "um maior destaque de pequenas e médias empresas".

Estas empresas asseguraram um apoio de €665 milhões no âmbito NORTE 2020, montante esse que se dirige, "sobretudo, à construção, ampliação ou modernização de fábricas", embora inclua também projetos de internacionalização ou de lançamento de novas empresas. Já no anterior balanço realizado pela CCDR-N em início do ano (relativo à execução no final de 2016), se dava conta de que a rubrica de investimento na construção e/ou expansão de novas unidades produtivas concentrava mais de 320 projetos de investimento, no total de €372 milhões, o que de acordo com esta entidade "reflete um novo dinamismo na vocação industrial do Norte de Portugal".

O setor das indústrias transformadoras - de onde se destacam as áreas têxtil, das máquinas e material elétrico e do calçado - é um dos principais motores económicos da região, conhecida também pela sua vocação exportadora: cerca de 45% das empresas exportadoras nacionais situam-se na região Norte, onde o volume de exportações ascende a cerca de 17 mil milhões de euros, de acordo com a CCDR-N. Este setor da economia do Norte foi mesmo o "motor de crescimento da produtividade aparente do trabalho no período entre 2008 e 2015, com elevados ganhos de competitividade, principalmente na indústria do vestuário e dos têxteis", refere a mesma entidade numa análise à conjuntura da região nos últimos 10 anos.

No mesmo documento refere-se ainda que este setor deu um dos principais contributos para a que a região fosse o principal "motor do crescimento da produtividade em Portugal", durante o período de recuperação económica. Numa análise aos dados estatísticos, reunidos durante os 10 anos do relatório Norte Conjuntura, "conclui-se que a produtividade aparente do trabalho era na região do Norte a quarta maior em Portugal em 2015 e cresceu 6,5% entre 2008- 2015, acima da média nacional".

O "setor das indústrias transformadoras destaca-se claramente com um contributo relativo de 7,3%. Sem este contributo, a produtividade total das empresas da região do Norte teria tido um decréscimo em vez dos +6,5% verificados", indica o ainda relatório. Esta área foi também uma das responsáveis pela recuperação do investimento na região, que após uma queda de 50% entre 2009 e 2012 voltou a crescer de forma sustentada.

Investimento estrangeiro também está a crescer
Além da vitalidade do tecido empresarial nacional, também o investimento estrangeiro está a crescer a Norte, atesta um relatório da consultora EY. A região foi mesmo a mais dinâmica na captação de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) em 2016 em Portugal, liderando quer em número de projetos quer em postos de trabalho criados. De acordo com o relatório "Attractiveness Sur- vey Portugal- 2017", o Norte acolheu 21 projetos de IDE em 2016 (36% dos 59 registados a nível nacional) e gerou 1.529 postos de trabalho com estes investimentos (63% dos cerca de 2.500 criados em Portugal).

No contexto da região, o relatório destaca Santa Maria da Feira, cidade que registou o maior número de postos de trabalho gerado em Portugal, seguida de Bragança, com 400 postos. No primeiro caso, destaca-se o investimento de cerca de €60 milhões da norte-americana do setor alimentar Amy's Kitchen, que aqui terá a laborar em 2018 uma nova unidade de fabricação de refeições vegan rápidas para fornecer toda a Europa, criando 600 postos de trabalho.

No caso de Bragança, um dos investimentos recebidos em 2016 foi a segunda fábrica da Faurecia, um dos maiores fabricantes mundiais de equipamento automóvel, que investiu €41,5 milhões e criou 400 novos postos de trabalho. Os dois investimentos ilustram bem a tendência setorial do IDE, já que 59% dos projetos e 76% dos postos trabalho gerados em 2016 são respeitantes "às atividades de manufatura, sendo projetos que visam essencialmente os mercados externos, contando com a infraestru- tura logística do país", conclui a EY.

Fonte: In, Público
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