15 Jun 2016

Sob o lema “a união faz a força” metal português “brilha” no mundo

Desde a siderurgia à metalúrgica e metalomecânica, passando pela fundição, os setores ligados ao metal batem recordes de exportações.

A fundição está a crescer 10% ao ano, a metalúrgica e metalomecânica batem recordes de exportação, a construção metálica conquista obras em todo o Mundo e a siderurgia inova a partir de Portugal. Todas estão a criar emprego e estão sedentas de quadros técnicos qualificados que não chegam para a velocidade do investimento (também estrangeiro) nos setores do metal. O que têm em comum? Qualidade, inovação e trabalho em equipa.

"É caso para dizer que a união faz a força”, afirma Rafael Campos Pereira, vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal, referindo-se ao "trabalho de internacionalização que tem vindo a ser feito, nalguns casos desde os anos 90, noutros mais recentemente, que tem permitido ao setor ser campeão de exportações”.

O ano passado foi o melhor ano de sempre, com mais de 14,6 mil milhões de euros exportados para todo o mundo. Se as exportações gerais diminuíram no primeiro trimestre deste ano, a metalúrgica e metalomecânica ainda conseguiu "quase compensar a quebra nos mercados fora da Europa, afetados pela crise do petróleo, conquistando terreno em nove dos dez principais mercados europeus e também nos EUA”. Desde os talheres ou louças em metal exportados para o Médio Oriente e China às peças técnicas e ferragens que começam a ganhar força nos EUA, o setor é heterogéneo mas a estratégia comum tem resultado.

"Iniciámos há um ano o projeto da marca Metal Portugal e temos tido cada vez mais empresas a aderir e a participar nas ações coletivas internacionais. Atualmente, temos cerca de 200 empresas debaixo deste «chapéu», mas queremos triplicar o número até ao final deste ano”, adianta o porta-voz do setor que aglomera cerca de 1500 pequenas e médias empresas e milhares de micro empresas que as fornecem, num total de cerca de 15 mil entidades.

Um projeto semelhante foi lançado também pela construção metálica, em 2013. O "Portugal Steel” foi lançado pela Associação Portuguesa de Construção Metálica e Mista (CMM) para consolidar a imagem de qualidade que as empresas portuguesas foram conquistando através de iniciativas conjuntas lá fora. "Foi esse selo de qualidade que nos permitiu entrar em mercados exigentes como a França”, explica Luís Simões da Silva, presidente da CMM, entidade que representa cerca de uma centena de empresas.

A modernização dos equipamentos e a formação dos recursos humanos foram fundamentais, segundo o responsável, para o setor alcançar a imagem de "qualidade e inovação” que tem permitido conquistar novos mercados como a Colômbia e o Extremo Oriente. O desafio, agora, é reconquistar o mercado interno, deprimido durante a crise. "Temos soluções interessantes e competitivas para a reabilitação urbana e queremos aumentar a competitividade com empresas de construção e com o setor público”, revela Luís Simões da Silva.

O que se torna curioso é que, ao contrário do que muitos pensariam, nem sempre estas empresas mais competitivas são as mais jovens. No caso da fundição, o setor é mais do que centenário e, ainda assim, consegue inovar, crescer e exportar 85% da produção. Está a crescer 10% ao ano e tem atraído investimento estrangeiro, com criação de emprego muito específico.

"A nossa fundição, hoje, está muito voltada para nichos de mercado: o setor automóvel, onde podemos dizer que não há nenhuma marca europeia que não tenha peças feitas em Portugal; as torneiras, na sua maioria exportadas, para uma construção civil de elevada qualidade e design; os complementos para equipamentos ou máquinas, exportados para o mercado europeu; e pequenos nichos como peças decorativas em estanho ou hélices para navios”, desvenda Filipe Villas-Boas, presidente da Associação Portuguesa de Fundição.

A mão-de-obra especializada é a maior necessidade do metal português. "Apesar de empregarmos 200 mil pessoas, temos necessidade imediata de mais 4 mil, que poderá chegar a 5 mil se forem altamente especializados”, revela Rafael Campos Pereira. O Instituto do Emprego e Formação Profissional e o CINFU – Centro de Formação Profissional da Indústria da Fundição vão capacitando profissionais para o setor, mas "não conseguem formar à velocidade a que a indústria precisa”. Além de operadores de máquinas, técnicos de mecatrónica e de logística, a indústria compete ainda com as empresas tecnológicas pelos engenheiros informáticos que serão capazes de habilitá-la para a revolução 4.0.
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