26 Jun 2020

Só hoje deixamos de trabalhar para pagar ao Fisco

O chamado "dia da libertação dos impostos", meta simbólica do calendário do contribuinte, é assinalado em Portugal nesta sexta-feira, de acordo com o cálculo anual da consultora Deloitte.

Este ano, foram necessários 177 dias para que famílias e empresas saldassem contas com o Fisco e com a Segurança Social, mais 11 do que em 2019.

Portugal surge no 11.º lugar de uma tabela de 30 países europeus liderada pela Roménia, onde a carga fiscal consome 122 dias de rendimento, e que leva como lanterna vermelha a Dinamarca, onde só a 14 de agosto os contribuintes irão assinalar o primeiro dia de rendimentos livres de tributação.

O "dia de libertação dos impostos" é um conceito com origem nos EUA, mas tem vindo a ser adotado internacionalmente por instituições de todo o mundo. A ideia é traduzir de uma forma simples o conceito de carga fiscal . Ou seja, quanto do rendimento dos países reverte sob a forma de impostos e contribuições para financiar os bens e serviços públicos.

No caso do cálculo da Deloitte, é medido o volume de impostos e contribuições pagas relativamente ao rendimento nacional líquido - todo o rendimento de uma economia, excluindo aquele que é gerado por multinacionais estrangeiras e abatendo ainda a depreciação que tenha ocorrido em investimentos. Este rácio é depois transposto para o conjunto de dias de um ano.

Carga sobe em 2020

Esta medida da carga fiscal é bem diferente daquela que o INE publica oficialmente e que surge ainda nas previsões do Governo para as contas públicas. Esta reflete o volume de impostos e contribuições pagas em relação ao PIB, e ficou em 2019 inalterada, nos 34,8%. O aumento em impostos cobrados ao longo do último ano andou a par do crescimento económico.

Já para 2020, o Ministério das Finanças antecipa no Orçamento Suplementar uma subida da carga fiscal medida relativamente ao PIB, prevendo que impostos e contribuições venham a equivaler a 35,1% da riqueza do país neste ano. Neste caso, e devido à pandemia, não há expectativa de cobrar mais impostos e contribuições - pelo contrário, deverão cair 4,9 mil milhões face a 2019. Mas o PIB irá também encolher em 6,9%, ou mais de 14,6 mil milhões, o que justifica a subida.

Ainda assim, a previsão do Governo não fica livre de reparos. A Unidade Técnica de Acompanhamento Orçamental entende que o cálculo está subestimado ao não incluir os impostos pagos em Portugal que são receita própria da UE, como por exemplo o IVA pago sobre importações. Valem 0,2% do PIB, atirando a carga fiscal para 35,3% do PIB.


Fonte: In, JN
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