21 Abr 2021

Quase um século a fazer rolhas

São praticamente 100 anos de história a fabricar rolhas. Uma história longa e plena de sucesso, que ainda o século XX não chegava a meio e já se atirava ao mercado externo. Com duas unidades fabris, uma das quais em Montemor-o-Novo, emprega mais de uma centena de trabalhadores e exporta a quase totalidade da produção. Apesar da quebra provocada pela pandemia, a Relvas Cork continua a realizar investimentos de forma a melhorar as performances do produto

Corriam os bem vividos anos 20, do século passado, quando Américo Coelho Relvas faz nascer uma empresa - a que emprestou o seu apelido -, para a produção de pequenas rolhas de cortiça.

Os principais clientes eram os produtores de vinho. Mas as rolhas eram também muito utilizadas para "fechar" os tradicionais frascos de líquidos farmacêuticos, que tantas vezes ainda vemos em decorações das farmácias.

O negócio floresceu, a qualidade do produto ganhou mercado e, poucos anos depois, nasceram as primeiras rolhas de champanhe, feitas em duas ou quatro peças de cortiça natural.

Não tardou que a fama cruzasse fronteiras, com as rolhas Relvas a entrar no restrito - à época - mercado de exportações, num período particularmente difícil para a Europa, em tempo de conflitos bélicos.

Nos anos sessenta os métodos foram evoluindo e iniciou-se a transformação de cortiça em discos de cortiça natural, com os desperdícios da mesma a transformam-se em aglomerados utilizáveis. Mais tarde, rem pleno período decorrente da Revolução dos Cravos, gerou-se alguma incerteza no futuro de negócio, mas tudo correu de feição e a unidade voltou a fabricar a ritmo normal.

"A aventura no Alentejo, em Cortiçadas do Lavre (Montemor-o-Novo) começa no ano de 1997, com o objectivo de estar mais próximo da matéria-prima e controlar melhor a qualidade e rastreabilidade das nossas rolhas e, consequentemente, o aumento de produção", revelou João Xarepe, administrador daquela unidade, em conversa com a Mais Alentejo. Por essa altura é criado um sistema de transmissão de calor por termo-fluído utilizando o pó de cortiça como biomassa, e realiza-se igualmente o investimento num sistema de cozedura de elevada performance com impactos significativos na qualidade sensorial do produto.

"Em Cortiçadas de Lavre, temos três sectores de produção, onde se inclui a preparação de cortiça, os discos e os granulados", explicou aquele responsável, aclarando que a empresa produz "dois tipos de rolhas, as de microgranulado e a rolha técnica com dois discos de cortiça natural".

Para a transformação da cortiça, a Relvas utiliza e desenvolve tecnologia de ponta, que permite "seleccionar os melhores granulados e discos e preparar as rolhas que estarão em contacto com o champanhe".

"Alguns dos aspectos determinantes são o sistema patenteado de cozedura que contribui para melhorar as características organolépticas do nosso produto, a tecnologia de moldação individual para a formação do corpo da rolha e os sistemas de visão artificial de ultima geração para a selecção" criteriosa, revela ainda a empresa.

A compra da matéria-prima é feita nos dois países ibéricos, sendo a parte lusa dividida entre as regiões do Alentejo, Ribatejo e Algarve. E o que é que difere estas das suas concorrentes? "A alta qualidade da nossa rolha principalmente a nível visual e organoléptico", asseverou João Xarepe.

Com o intuito de acompanhar a crescente exigência dos mercados a Relvas continua a realizar investimentos na área produtiva de forma a melhorar, continuamente, as performances do produto. Com duas unidades industriais, a de Cortiçadas do Lavre e uma segunda em Mozelos, Santa Maria da Feira, 99,9 por cento da sua produção destina-se à exportação, tendo a "França a Itália, os EUA e o Brasil como principais mercados".

Empregam actualmente 115 trabalhadores, apresentando um "volume de negócios que ronda os 24 milhões de euros", revelou o administrador, admitindo, também, que tiveram uma "forte quebra" motivada pela pandemia e as limitações que esta provocou "na restauração, casamentos, baptizados, festas, congressos e quebra no turismo".

Para o futuro a empresa assegura "investimentos que garantam o aumento de produção e o controlo de qualidade" do produto que colocam num mercado mundial extremamente exigente.

A empresa garante que vive "todos os dias das ideias, das decisões, do trabalho e do fruto realizado, não só pela família Relvas, mas por todos os colaboradores e amigos, e que hoje, já não longe dos 100 anos, apesar de nos posicionarmos num mercado que se pretende de rigor e tradições, olhamos o futuro com ambição".


Fonte: In, Mais Alentejo
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