04 Ago 2016

"Nós mantemo-nos fiéis às nossas receitas, ao nosso modo de estar e saber fazer"

A fábrica de Lacticínios Maf é uma das mais antigas empresas fabricantes de queijo em Portugal. Situada em Fornos, Santa Maria da Feira, é uma empresa tradicional, de cariz familiar, mas tecnologicamente atualizada e orientada para o futuro.

Reconhecida por ter sido pioneira no fabrico do popular queijo flamengo bola em Portugal, foi igualmente uma das primeiras a fabricar queijo fundido, destacando-se os famosos triângulos. Fiel às suas origens, a empresa continua a produzir os queijos flamengo e amanteigado segundo a receita original, aliando o saber da tradição à constante inovação. A Lactimaf dispõe de uma variada gama de queijos que primam pela elevada qualidade e apresentação.


Conte-nos a história da Lacticínios MAF
A Lacticínios MAF é uma empresa familiar. A minha família começou este projeto há 80 anos, em 1934, com três irmãos, Margarida, Ana e Francisco, cujos nomes formam a sigla MAF. Numa altura em que a produção de queijo em Portugal era muito artesanal, não havia muitas infraestruturas fabris como hoje em dia, nem o consumo era o que é hoje em dia, a irmã mais velha, a Margarida, começou a pensar em aproveitar a quinta agrícola que possuíamos, onde hoje está implantada a fábrica.

No inicio dos anos 30, após o crash da bolsa de 1929, em tempos de crise, o que é que havia de se fazer aqui. O raciocínio foi lógico. Aqui temos muitas vacas que dão leite, com leite faz-se queijo, então ela foi para França, o meu avô para a Holanda e uma outra irmã foi para a Bélgica, começaram a fazer várias viagens para aprender lá fora como é que era todo este processo de fazer o queijo e trouxeram para cá as receitas. O meu avô trouxe da Holanda para Portugal a receita daquele que hoje conhecemos como queijo flamengo.

Há muito poucas empresas da altura da nossa, aqui as experiências começaram em 31 e a empresa está registada desde 1934. O primeiro queijo bola da nossa marca "Rico" foi registada também nesse mesmo ano. É uma das marcas mais antigas sob este ponto de vista.
A empresa foi crescendo e evoluindo desde essa altura, começaram-se a produzir outras variedades de queijo e foi passando de geração em geração, até à geração do meu pai e das minhas tias. Hoje temos uma variedade muito grande de produtos, neste momento vivemos a gestão da terceira geração que está ainda a conviver com a segunda.

(...) O meu avô trouxe da Holanda para Portugal a receita daquele que hoje conhecemos como queijo flamengo. Há muito poucas empresas da altura da nossa, aqui as experiências começaram em 31 e a empresa está registada desde 1934. O primeiro queijo bola da nossa marca "Rico" foi registada também nesse mesmo ano (...)

Como é que definem os vossos métodos de produção. São uma empresa artesanal ou mecanizada, mais orientada para produção em massa?
A empresa começou de uma forma artesanal, mas foi evoluindo e hoje somos uma empresa mecanizada que está de acordo com todas as regras de higiene e de segurança.
Estamos atualizados, apesar de produzirmos alguns produtos de cariz mais tradicional, em formato mais tradicional e mantermos algumas operações manuais em algumas receitas porque nós continuamos a respeitar as mesmas receitas antigas. O queijo bola "Rico" é feito com a mesma receita desde o início, nunca se alterou. Atualizámo-nos e capacitámo-nos para poder inovar e fazer produtos e variedades diferentes e também para termos capacidade de resposta não só para o mercado português mas lá para fora também.

Para exportar, a maior parte dos países exigem o mínimo de condições de higiene e a legislação é bastante apertada. Há que estar em dia.

Em que se inspira a frase "O gosto da nossa tradição"?
Neste momento estamos a usar esse slogan. Quando dizemos que somos tradicionais tem a ver com a experiência e o know how acumulados ao longo dos anos que estamos no mercado. Nós não somos uma empresa artesanal, dos queijos feitos à mão, esse não é o nosso objetivo. Nós mantemo-nos fiéis às nossas receitas, ao nosso modo de estar e saber fazer, a esta matriz familiar que nós temos, mas estamos atualizados e temos capacidade de inovar. De facto, somos capazes de produzir uma variedade muito grande de queijos e proporcionar muitas vezes soluções à medida de alguns clientes. Designadamente clientes de indústrias que produzem outro tipo de produtos, mas que usam queijo. Por vezes estes clientes precisam de soluções especializadas para determinados objetivos. Nós temos capacidade e saber para fazer isso através da nossa experiência acumulada. É neste sentido que falamos da nossa tradição, o saber que é passado, respeitado e que é preservado.

Como caracterizam os vossos queijos em termos de gamas?
Nós temos uma variedade muito grande, o que não é muito comum em nenhuma outra fábrica do país. Somos os únicos a produzir triângulos de queijo fundido, por exemplo. Temos a nossa base que é o queijo flamengo em barra ou bola da marca "Rico". Temos a estrela da companhia que é o prato "A Queijeira", um produto mais tradicional, premium, com várias modalidades, meio-gordo, apimentado, que é um queijo mais curado, geralmente o mais procurado por lojas da especialidade, uma vez que os apreciadores de queijo não gostam tanto do queijo fresco, gostam de queijos com mais carácter, com um sabor mais forte e que curam mais tempo, são muito pedidos para as lojas em Espanha. Por fim temos uma gama de queijos creme. Com nozes, com presunto, com camarão, em vários formatos, estes são também um pouco diferenciadores e mais direcionados para o mercado mais especializado. Não é um queijo para consumo em sandes no dia-a-dia, está mais focado para o consumo em momentos diferentes, mais requintados, ou para usar com outras receitas.

(...) A empresa começou de uma forma artesanal, mas foi evoluindo e hoje somos uma empresa mecanizada que está de acordo com todas as regras de higiene e de segurança. Estamos atualizados, apesar de produzirmos alguns produtos de cariz mais tradicional, em formato mais tradicional e mantermos algumas operações manuais em algumas receitas porque nós continuamos a respeitar as mesmas receitas antigas. O queijo bola "Rico" é feito com a mesma receita desde o início, nunca se alterou. Atualizámo-nos e capacitámo-nos para poder inovar e fazer produtos e variedades diferentes e também para termos capacidade de resposta não só para o mercado português mas lá para fora também (...)

De onde provém o leite que usam na produção dos vossos queijos?
Nós só adquirimos leite em Portugal. Não temos recolha de leite própria. Adquirimos o leite a produtores nacionais, maioritariamente desta região. Conseguimos assim satisfazer as nossas necessidades. Aqui só trabalhamos com leite de vaca pasteurizado.

Com mais de 80 anos de atividade, qual é o impacto social e económico resultante da vossa atividade aqui na região?
A Lacticínios MAF nasceu neste local, nesta freguesia, onde só havia campos e casas agrícolas e a freguesia também se foi desenvolvendo à volta da fábrica. Eu não sou a única pessoa da terceira geração aqui. Também temos colaboradores da terceira geração a trabalhar aqui. Há imensos moradores da freguesia que já trabalharam aqui ou que os pais trabalharam aqui, de alguma maneira acabamos também por ser um dos motores de dinamização local, apesar de sermos uma empresa pequena. Isto acaba por ser muito engraçado, porque para além do cariz familiar da gerência da empresa, também temos muitos colaboradores que são filhos ou netos de pessoas que começaram a trabalhar aqui no início. Sentimos que isto é muito bom porque cria uma identidade forte com a empresa que no final gera outro tipo de resultados.

Em Portugal onde podemos encontrar os queijos da Lacticínios MAF?
Um pouco por todo o lado, com especial enfoque na zona norte do país onde os nossos produtos são mais conhecidos e as marcas são mais distribuídas. Mas estamos um pouco por todo o país, do Minho ao Algarve, na grande distribuição e nos armazenistas. Estamos também no canal Horeca. Facilmente se consegue encontrar, não todos os produtos, em todo o lado, mas de uma maneira geral, consegue encontrar a Lacticínios MAF em todo o país.

E nos mercados internacionais?
Nós já exportamos, apesar de ainda termos dado os primeiros passos na exportação não há muito tempo. Estamos principalmente no mercado europeu, França, Luxemburgo, Bélgica, os mercados mais tradicionais, que têm mais proximidade com os produtos portugueses, onde até os compradores são muitas vezes portugueses. Estamos também em Espanha onde existe algum interesse em lojas gourmet, uma vez que nosso produto é um pouco menos direcionado para massas e mais especializado. Exportamos também para os Estados Unidos e Africa, os PALOP, ainda que nos últimos tempos as coisas não estejam tão bem, continuamos a enviar produto.

Qual a sua opinião acerca do SISAB PORTUGAL?
O SISAB PORTUGAL é um certame muito interessante. Está muito bem organizado. Temos tido bastantes resultados. No primeiro ano fizemos muitos contatos, mas poucas vendas. No segundo ano notámos que para além de fazer novos contatos, vimos pessoas que já nos tinham visto na edição anterior e que, como era a segunda vez, o contato teve mais valor. É também muito útil para rever os nossos clientes. Para uma empresa com a nossa dimensão é incomportável andar o ano inteiro a fazer viagens para visitar os clientes no estrangeiro, portanto é também uma forma de juntar os nossos clientes, viver momentos de contato e de partilha e apresentarmos os nossos novos produtos.

(...) Somos capazes de produzir uma variedade muito grande de queijos e proporcionar muitas vezes soluções à medida de alguns clientes. Designadamente clientes de indústrias que produzem outro tipo de produtos, mas que usam queijo. Por vezes estes clientes precisam de soluções especializadas para determinados objetivos. Nós temos capacidade e saber para fazer isso através da nossa experiência acumulada. É neste sentido que falamos da nossa tradição, o saber que é passado, respeitado e que é preservado (...)

Fonte: In, ANIL
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