15 Jun 2018

Materiais de construção com vendas superiores a 9 mil milhões em 2020

Associação Portuguesa de Comércio de Materiais de Construção aponta para um crescimento médio de 3,5% ao ano.

A construção está em "alta” e arrasta consigo toda uma fileira a montante e a jusante. Os materiais de construção, por exemplo, que geraram vendas globais de 8,140 mil milhões de euros, em 2017, poderão, este ano, chegar aos 8,417 mil milhões e ultrapassar a barreira dos 9 mil milhões em 2020.

Mesmo assim, ficarão aquém de 2008 (10,7 mil milhões). O aumento de 38,2% no licenciamento de novos fogos em 2016 e de 24,1% em 2017 suportam as previsões de crescimento, mas José Matos, secretário-geral da Associação Portuguesa de Comércio de Materiais de Construção (APCMC) garante que são precisas mais casas.

"O investimento em construção tem vindo a diminuir desde 2001, com pequenas flutuações e o mesmo aconteceu com os materiais de construção, que estiveram em queda até 2014 e só então começaram a recuperar, graças à reabilitação urbana”, refere José de Matos. Quanto à construção nova, o secretário-geral da APCMC lembra que, em 2017, foram licenciados 14 090 fogos, o que "ainda não é nada”.

"Claro que nunca mais voltaremos aos números antes da crise, basta ter em conta que, em 2003, foram licenciadas 130 mil novas casas, mas precisamos de construir mais do dobro.

Reis Campos, presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), que congrega os sete subsetores da fileira, lembra que há, ainda, 700 mil fogos devolutos em Portugal e que "têm de ser postos ao serviço da economia”, diz, sublinhando que tem de haver um comportamento privado correto por parte dos proprietários.

Leia-se ou os vendem, ou os colocam no mercado de arrendamento. Mesmo com a habitação nova ainda em valores baixos, a construção deverá, este ano, crescer 4,6%, impulsionada pela reabilitação urbana, pelo turismo e pelo investimento estrangeiro, responsável por 4,7 mil milhões de euros em 2017, correspondentes a 21,8% do total das transações imobiliárias no ano.

Inovação é o desafio

Madeiras e cerâmicas são, também, exemplos de recuperação. "97% do que produzimos é para a fileira casa, sejam pavimentos, portas, janelas, roupeiros ou cozinhas. Já para não falar do mobiliário.

Com a crise da construção, muitas empresas faliram. Outras, pegaram nas malinhas e foram correr mundo, muitas à boleia da construção nacional no exterior, mas não só”, afirma o presidente da Associação das Indústrias da Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP).

A falta de mão-de-obra qualificada é a grande preocupação. "Encomendas não faltam, falta gente que saiba trabalhar a madeira e isso está a limitar o crescimento de muitas carpintarias”, garante Vítor Poças. Já nas cerâmicas, a inovação e o desenvolvimento tecnológico são o grande desafio.

O objetivo é procurar soluções e funcionalidades que confiram "maior valor acrescentado” aos produtos, cumprindo, simultaneamente, os requisitos de eficiência energética e ambiental, diz António Oliveira, consultor económico da Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e Cristalaria (APICER).

Falta de mão-de-obra preocupa

Casais A escassez de recursos humanos qualificados é a grande preocupação da Casais, a comemorar o seu 60.º aniversário. O CEO da construtora bracarense, alerta mesmo que a questão "está a limitar” o crescimento do setor.

"Os países da periferia estão a alimentar uma Europa em crescimento e que, ainda por cima, se fechou aos fluxos migratórios. O que significa que quem tem o problema somos nós.

Podemos contratar na Europa, mas ninguém quer vir para Portugal”, frisa António Carlos Rodrigues. Que "há mais de um ano” tenta trazer operários seus de países africanos, onde está a operar, para Portugal, mas sem sucesso porque "os vistos são recusados”.

Com 3500 trabalhadores em 16 países, a Casais faturou, o ano passado, 355 milhões de euros. Portugal valeu 140 milhões, mais 33% do que em 2016.
Fonte: In, Dinheiro Vivo
Política de cookies

Este site utiliza cookies. Ao navegar, está a consentir o seu uso.   Saiba Mais

Compreendi