17 Abr 2024

Ifthenpay: Estar no sítio certo, na hora certa

"O que nos motiva, para além da actividade empresarial, é a gratificação de ver os nossos clientes crescerem graças à inclusão da nossa tecnologia.”

Foi criada em 2013 como Ifthenpay, nascida da empresa-mãe Ifthen e, desde então, não tem parado de crescer. Líder de mercado em pagamentos digitais para empresas, apresentou em Fevereiro último um resultado consolidado, com um crescimento na casa dos dois dígitos, especificamente, 21%, o equivalente a um volume de pagamentos de 1.3 mil milhões de euros. Apesar dos números de crescimento não serem muito diferentes dos anteriores, segundo a Ifthenpay, os resultados de 2023 "superaram largamente os objectivos fixados”.

A empresa ultrapassou as 27 mil entidades aderentes, tendo o volume de facturação crescido cerca de 16%, situando-se na casa dos 5.7 milhões de euros. Segundo Nuno Breda, co-fundador da Ifthenpay, estes valores reflectem o resultado de todo o trabalho da equipa e o foco no cliente. "Preocupamo-nos constantemente em fazer crescer os nossos clientes e, naturalmente, nós crescemos também. O que nos motiva, para além da actividade empresarial, é a gratificação de ver os nossos clientes crescerem graças à inclusão da nossa tecnologia.”, afirmou.

O Percurso

Tudo começou em 1998, com a criação da Ifthen, empresa especializada na criação de software na área da qualidade, controlo de produção no sector da cortiça e no desenvolvimento de software para bombeiros e protecção civil. A dificuldade por parte das corporações de bombeiros no recebimento das quotas dos seus associados levou a que a empresa procurasse soluções. Estávamos em 2005 e a solução encontrada foi a utilização das já existentes referências multibanco. Na altura, só as grandes empresas faziam uso deste recurso que, rapidamente, a Ifthen implantou nas corporações suas clientes. Assim, não é de estranhar que o primeiro pagamento que a empresa recebeu fosse, precisamente, relativo a uma quota dos Bombeiros Voluntários de Santa Maria da Feira.

O sucesso do mecanismo foi de tal forma grande que, em pouco tempo, os fundadores perceberam que tinham de alargar esta ferramenta a outras empresas. Uma vez no mercado global, começou o verdadeiro crescimento. Ainda assim, apesar de na altura os fundadores, Nuno Breda e Filipe Moura, olharem para a área como um sector em desenvolvimento, o crescimento tinha pouca expressão.

Em 2008, com a crise mundial na banca, o Banco de Portugal (BdP) criou legislação no sentido de regulamentação da área e a empresa adoptou a nova regulação e obteve a acreditação junto do BdP. Em 2013, por sugestão do Banco de Portugal, foi feita uma cisão das duas áreas de intervenção da Ifthen e assim nasceu a Ifthenpay, que passou a dedicar-se exclusivamente ao mercado de pagamentos, enquanto a empresa-mãe continuou a trabalhar no desenvolvimento de software.

Actualmente, a actividade de pagamentos vai muito para alémdas referências multibanco. A Ifthenpay tornou-se uma gateway de pagamentos digitais que integra soluções como a Mb Way, cartões de crédito, "buy now pay later", payshop, "pay-by-link", TPA's, Apple Pay, Google Pay, entre outros.

"Quando começamos na área dos pagamentos digitais demos um contributo muito grande na democratização dos sistemas de pagamentos, levando essa tenologia a todos os clientes, independentemente do seu tamanho. Ainda hoje o pequeno negócio continua a procurar- -nos porque temos tecnologias ajustadas. Há todo um conjunto de serviços que fomos criando e acrescentando de forma a sermos um parceiro de negócio de praticamente todas as empresas.", conta Nuno Breda.

Questionado sobre como foi que passaram das corporações dos Bombeiros ao mercado global, o co-fundador da Iffienpay acredita que estavam no sítio certo, na hora certa. O crescimento do e-commerce e a necessidade de pagamentos d gi- tais fizeram com que o mercado começasse a absorver as ofertas da Ifthenpay. Para além cis- so, o tradicional passa-oalavra fez o resto.

"O crescimento foi orgân co e sempre crescente. Claro que se deve também ao passa-pa- lavra e à qualidade do serviço prestado ao longo destes anos. A consistência na oferta permitiu a confiança das pessoas e a consequente recomendação.", explica Nuno Breda.

Se a carteira de clientes nacionais era alargada, sobretudo devido à ligação comercial com as corporações de bombeiros de norte a sul do País, a recente integração da Ifthenpay com a Payten, grupo polaco especializado no desenvolvimento e na oferta de soluções de pagamento seguras e inovadoras e presente em 24 países, veio permitir que a empresa portuguesa alicerçasse a sua posição a nível internacional. Por agora presentes em Espanha, na França e no Reino Unido, a Fintech portuguesa procura trabalhar em mercados regulados, por questões de segurança, e dentro da zona SEPA, onde existe uma regulação mais forte nesta área.

Nuno Breda destaca o contributo que a Ifthenpay deu na internacionalização dos empresários portugueses. "Tem sido gratificante poder proporcionar aos nossos clientes a capacidade de exportar. É um contributo para a nossa economia, na medida em que a partir do momento que começamos a introduzir métodos de pagamentos internacionais, o comerciante nacional consegue, facilmente, exportar para outros países."


"Temos de pensar numa óptica de crescimento. Só dessa forma conseguirmos acompanhar a velocidade vertiginosa dos avanços tecnológicos."

Contrariando a mentalidade empresarial vigente em Portugal, avessa à abertura ao capital estrangeiro, os fundadores da Ifthenpay acreditam que se as empresas portuguesas ficaram demasiado fechadas em si mesmas acabam por ficar em desvantagem em relação às suas congéneres estrangeiras. "Ao pertencerem a uma família maior, ficarão mais musculadas e com outra capacidade de abordar o mercado e expandir os seus produtos através do cross- -selling que se cria entre as várias empresas do grupo. Temos de pensar numa óptica de crescimento. Só dessa forma conseguiremos acompanhar a velocidade vertiginosa dos avanços tecnológicos. Por exemplo, agora temos a temática da inteligência artificial. Temos de estar sempre a integrar coisas novas e, naturalmente, ao estar dentro de uma estrutura maior vamos ter muito mais facilidade e mais capacidade, quer de recursos humanos, quer de conhecimento técnico para poder fazer face a qualquer situação que aconteça. As vantagens são tão grandes que quem não pensar assim está automaticamente a condicionar-se, o que hoje não faz qualquer sentido.", justifica.

Os perigos associados à Inteligência Artificial (Al) não assustam o empresário que se diz ciente de que o tema veio para ficar. "Estima-se que a Al venha revolucionar muitas áreas e a nossa empresa, como área tecnológica, não vai ser excepção e, naturalmente, estamos muito atentos a isso.", afirma Nuno Breda. Nesse contexto, a Ifthenpay já está a integrar tudo o que seja possível em termos de tecnologia, de mecanismos de help desk e de detecção de potenciais ameaças. Consciente dos riscos associados, o gestor lembra a suspeição criada quando apareceu a internet e os benefícios que esta trouxe, sobretudo no que diz respeito no acesso à informação. "Todas as ferramentas que favoreçam e potenciem o conhecimento são sempre mais-valias. Apesar de apresentarem ameaças, temos de as conhecer bem e estar preparados para elas.", garante.

Actualmente a Ifthenpay emprega 18 pessoas, mas as perspectivas são de crescimento até ao final do ano para acompanhar o desenvolvimento da empresa e garantir o "patamar de excelência" a que habituou os seus clientes.

Nuno Breda garante que não está no radar sair de Santa Maria da Feira. "O nosso concelho tem uma localização geográfica privilegiadíssima. Estamos perto do Norte, Centro e Sul. As mais importantes vias de comunicação passam todas por aqui. É quase como um coração que bombeia energia para o resto do país.", afirma.

Nuno Breda, tem 52 anos e é licenciado em Engenharia Eletroctécnica pelo Instituto Superior de engenharia do Porto, com uma pós-graduação em Gestão e Comando Operacional de Protecção Civil.

Fonte: In, Jornal N
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