21 Set 2016

Feira Ganha um Novo Norte

Um feirense sonhou ter uma Cervejaria que fosse um espaço único no Concelho. Demorou quase dois anos, mas aí está ela. E a singrar.

Porque Norte? "Porque estamos na entrada Norte da Vila; porque queria muito que esta casa tivesse um nome com duas sílabas e masculino; porque achei que era uma palavra, curta e sonante, que iria trazer uma carga muito forte; que representasse o povo do Norte: a forma como nos comportamos e como vivemos a vida". É Simão Mateus, natural de Santa Maria da Feira e proprietário do Norte, que explica. Situado na Rua Dr. António Ferreira Soares, em frente à Igreja de Misericórdia, o Norte nasceu de um sonho já antigo. Esteve para ser consumado noutro local, mas o desenvolvimento do centro histórico da Feira, a grande circulação e afluência de pessoas, levou Simão Mateus a encontrar o norte para o seu Norte. "Enquanto feirense e fruto da minha idade, achei que fazia falta um espaço de consumo sentado que permitisse o convívio e não uma oferta alargada só ao nível da bebida. A Feira está desenvolvida ao nível cultural, mais do que desenvolvida a nível desportivo, e esta é uma casa que permite a boa experiência da família em si", afirma Simão Mateus, de 31 anos, que viu, a 21 de Julho, o seu sonho concretizar-se com a abertura oficial do Norte.

Mas não foi fácil. Dois anos de obra dos quais muitos meses perdidos em burocracia. Um edifício centenário cujas medidas não batiam certo nas Finanças, na Conservatória e na própria Câmara Municipal. Para a obra prosseguir, foi necessário o envolvimento, inclusive, de um arqueólogo. "Tive muitos obstáculos, mas felizmente consegui contornar. Esta é uma área pertencente a um perímetro da área protegida da Igreja da Misericórdia que, ao precisar de movimentação de terras, a Câmara tem a obrigatoriedade de envolver a Direcção Regional de Cultura do Norte. Até para o levantamento da licença de construção tive um arqueólogo envolvido", revela. E tudo isto porque o Norte precisou de um 'afundanço' no seu piso, devido ao facto de estar nivelado com a estrada. Tudo isto levou meses de burocracia, mas o maior esforço de Simão Mateus consistiu em criar uma identidade para o Norte. Conseguiu-a e consumou-a num documento com "30 e tal páginas". Essa identidade consiste em sete pilares: Honesto, Desafiador, Forte, Brio, Guloso, Fácil e Desenrascado. Na cozinha, podem ver-se todos estes lemas fixados na parede, com descrição, e qualquer colaborador os conhece.


Decoração que 'salta à vista'
Num projecto concluído quase dois anos após o seu início, é impensável não falar da decoração. Simão Mateus conta que tudo foi pensado detalhadamente, com seguimento lógico e enquadramento. No Norte, nada é ao acaso, nem o facto de todas as cadeiras serem diferentes umas das outras nem as enormes pedras originais espalhadas por todo o espaço. No balcão, de frente para a entrada, três grandes pedras pertencentes ao edifício original, todas devidamente tratadas e decoradas. Na casa de banho, rochas de granito azul. "Achámos que fazia sentido manter alguma traça do edifício e trabalhámos a decoração também com materiais tradicionais, como a madeira. As cores das luzes e do tecto proporcionam um conforto diferente", admite Simão Mateus.

O espaço conta com a 'Sala de Pedra', cuja parte do pavimento foi reaproveitada do interior do antigo edifício. Chão de pedra, que traduz uma aparência de uso e ao mesmo tempo um tom moderno, resultando numa combinação atractiva. Das duas esplanadas que o espaço tem, a lateral, relvada, salta à vista. A própria música cria o ambiente ideal para beber uma cerveja, acompanhada dos muitos petiscos disponíveis no menu.

Num misto de estilos a tender maioritariamente para o vintage, percorrendo todo o Norte, vemos antigos rádios, garrafões, lanternas, ferros de engomar, entre outros. Segundo relata Simão Mateus, existem casais e famílias que chegam ao Norte às 20h00 e por lá permanecem até à uma da manhã, por exemplo. E com crianças. "Não tenho nada contra a música brasileira ou electrónica, mas com 31 anos não iria querer uma discoteca para a minha vida. Daí, o bebé poder estar cá, inclusive, a dormir tranquilamente. É um espaço de convívio e para a família", revela. Para Simão Mateus, "não é falsa modéstia, mas as pessoas dizem que se sentem bem, como em casa, que a música ajuda e que toda a decoração torna o Norte agradável".


Um total de 37 referências de cerveja
A cerveja é, para muitos, uma amante e para outros tantos, uma paixão, e no Norte há muito para amar. Existem 16 cervejas internacionais, 16 artesanais portuguesas e cinco de pressão. Elas estão todas divididas em categorias. Brancas, ruivas, loiras, morenas e pretas. E a divisão tem dedo de Simão Mateus. "Escolhi estas designações em termos de cor porque nós portugueses não temos uma cultura cervejeira. Estar a mostrar uma carta ao cliente dizendo que temos uma Pilsner ou uma IPA, muitos não iriam perceber, tal como eu não percebo", refere. De pressão, encontramos Heineken, Sagres Bohemia, Guinness, La Trappe Quadruppel e Erdinger. Todas elas podem ser servidas de variadas formas: lambreta, fino, príncipe, rei, girafa, metro ou bola. As restantes 32? É visitar e provar...

Não é só a cerveja que atrai e fideliza os clientes 'Nortenhos'. Para Simão Mateus, "a base do negócio é a refeição". Das muitas opções que o menu dispõe, as tábuas de enchidos e queijos e a francesinha têm sido alvo de positivas críticas dos que por lá entram, provam e voltam a entrar para repetir. A cozinha do Norte funciona durante todo o horário em que o espaço está aberto e o cliente pode provar de tudo um pouco que o variado menu aglomera. Simão Mateus revela que, actualmente, servem-se no Norte cerca de 30 almoços e entre 15 a 35 jantares por dia. Perto de completar dois meses desde a abertura, o balanço de Simão Mateus é claramente positivo.

Fonte: In, Correio da Feira
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